Cenas literárias. Textos cenográficos. Relações improváveis entre futebol e culturas inúteis. Ou mera imaginação.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Decadance avec elegance


A França é mesmo um time filho da puta. É uma seleção que promove grandes expectativas e grandes decepções. Às vezes decadente, às vezes elegante. Como num revezamento.

Em 1998 foi campeã em casa vencendo o Brasil. Uma glória e tanto para uma seleção. Em 2002, não marcou nenhum gol. NENHUM GOL! Em 2006, vai pra final e perde no último instante. A de 2010 é absolutamente irreconhecível.

A de 2010 tem um ar preguiçoso, sonso. O olhar dos jogadores franceses expressa uma espécie de indiferença. Eles correm e executam as suas funções em campo, mas há uma certa frieza no cumprimento de uma missão que deveria ser encarada com emoção.

Chego até a achar que isso é falta de civismo.

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Em tempo: O México é uma boa surpresa e vai para a segunda fase. Com direito a gol do veteraníssimo Blanco, 37 anos de idade e 3 copas do mundo (1998, 2002, 2010). Provavelmente o melhor jogador mexicano dos últimos 20 anos.

Pratos ao chão


A Grécia fez seu primeiro gol e conquistou sua primeira vitória em jogos de Copa do Mundo. Um milagre com a providência divina de Zeus e sua trupe sobrenatural. O time é horrível e faz imaginar que aquela geração vencedora da Eurocopa em 2004 se foi pra sempre e agora é mera mitologia.

Atenas está em festa, jogando pratos no chão. Deram sorte. Se não fosse uma falha improvável do melhor goleiro da copa até agora, teriam perdido, porque a Nigéria estava melhor no jogo.

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Em tempo: Já me preocupa a condição das seleções africanas. Cada vez mais, o continente vê sua participação na segunda fase sob suspeita. Uma pena. Ainda não deram sorte no torneio.

Buenos dias, Buenos Aires


Ainda calçados de chuteiras, os argentinos dançaram um tango no vestiário. E cantarolavam, orgulhosos:

El águila vuela en Rio de Janeiro / suenan campanas pregonando la victoria y en Buenos Aires / la hija querida / al fin se cubren ahí los valientes ya de gloria.
Dos países en un noble lazo / con el alma se dan un abrazo / es la madre que va a visitar los hijos / que viven en otro hogar.
Ten cuidado, mariposa / de los sentidos amores / no te cieguen los fulgores de alguna falsa pasion / porque entonces pagaras / toda tu maldad, toda tu traición.(*
)

A Argentina já está pensando na segunda fase. Uma águia sobrevoando as futuras caças, com as garras de fora, olhando ao longe o que a glória poderá trazer.

O time de Maradona é excepcionalmente qualificado. Dos 5 jogadores convocados para o ataque – Messi, Tevez, Higuain, Milito e Palermo – pelo menos 4 deles seriam titulares em qualquer seleção dessa copa.

Hoje, Buenos Aires alimentou-se de confiança no café da manhã. Definitivamente, a Argentina está no páreo. Mesmo com a defesa questionável, a qualidade do ataque consegue resolver.

(*) Trecho da música La Gloria Del Aguilla, de Carlos Gardel

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Em tempo: Maradona, o Perón do futebol, conseguiu equalizar as coisas. É um companheirão, um ídolo para os jogadores. Se esse clima de cumplicidade prevalecer, fudeu!