Cenas literárias. Textos cenográficos. Relações improváveis entre futebol e culturas inúteis. Ou mera imaginação.

domingo, 27 de junho de 2010

Arsenal completo


Eles estão melhores a cada jogo. Peligro!

A fartura na safra argentina permite a versatilidade individual. No dia em que um craque não está bem, um outro resolve.

Contra a Argentina, o perigo vem de todos os lados. Nas invasões de Messi e nos petardos de Verón, no faro de gol de Tevez e no oportunismo de Higuain, na velocidade da bola e na sorte da zaga.

A Argentina ganha no volume de jogo. Posse de bola, pressão na marcação, força física e talentos complementares.
São muitos recursos.

A Alemanha vem aí. Pode ser uma final antecipada.

...

Em tempo: O México foi brilhante, Se não fosse a “mala suerte” nos sorteios e cruzamentos, poderia ir mais longe.

A fábrica de qualidade


Lá vem os alemães bons de bola, a Seleção Imperatriz, o futebol imperativo...Sim, quem manda aqui sou eu.

Os alemães vencem como se só soubessem fazer isso. Mostram-se melhores, mais vigorosos, mais frios, mais precisos. É uma escola de futebol dentre as mais competitivas, sempre. Foram 12 semifinais, 7 finais e 3 títulos. Uma história de muitas vitórias, em muitas gerações e épocas.

Sempre comparo os alemães a um carro Mercedez-Benz. Acho um exemplo que combina com o que vejo deles. Penso que a Mercedez não questiona a qualidade para montar seus carros. Ela procura fazer o perfeito e, se isso tem custo, vende pelo preço que vale. Nunca tive um, mas posso imaginar que quem paga fica feliz.

A Mercedez-Benz de hoje foi cor de platina. Impávida, segura e confortável.

O primeiro gol, depois de uma cobrança de tiro de meta, é como se fosse um esportivo que faz de 0 a 100km/h em 5 segundos. O atacante deu uma ombrada no zagueiro e chegou na frente, um carro possante, que simplesmente dispara, mas pára no lugar certo.

O quarto gol foi um contra ataque imperdoável. Um lançamento de 40 metros, um jogador que saiu do campo de defesa e voou como nunca e uma inteligência para fazer o certo que exige engrenagens eficientes. É uma curva a 200km/h debaixo de chuva. Os engenheiros alemães já pensaram nisso, fique tranqüilo.

Tem o Muller, que funciona como um computador de bordo dos melhores do mundo, uma conexão de sensores que pensam no gol. E o Ozïl é um turbo compressor que, quando acionado, sobe o giro do motor.

O fato é que depois de leves derrapagens na primeira fase, a Alemanha passou a curva da dúvida e está com a Argentina na reta. E o Klose tá no vácuo do Ronaldão (um Dojão nessa comparação).

...

Em tempo: A Inglaterra teve uma saída digna. Depois dos tropeço e riscos da primeira fase, perdeu jogando bem. E o lance polêmico deu um certo alento aos Hooligans e aos Cavaleiros da Rainha.

O mundo da bola também gira

Intrigante o fato de que o confronto entre Alemanha e Inglaterra tenha recebido dois raios no mesmo lugar, 44 anos depois. Dois gols duvidosos e duas dúvidas parecidas. Duas bolas na trave que viraram discussão. Valeu ou não valeu?

Gana, força e tensão


O sobrevivente africano escapa de mais um bote. Os Estados Unidos vieram preparados para vencer o safári, mas perderam a caça.

Gana lutou pela sobrevida na copa e mostrou que nem de longe é uma presa inocente como as outras seleções africanas. Veloz e envolvente, não se recusou a disputar a partida na bola.

E foi a primeira prorrogação. O desgaste extra expôs o preparo de cada um para vencer o duelo. Resistir cansa.

Os americanos se sobressaíram na copa pela capacidade de ganhar no último round, com força física e vigor até o final. Os ganenses foram aguerridos por 120 minutos e o jogo ficou na linha do limite por muito tempo. Qualquer lance poderia ser definitivo.

Tenso como na selva.

...

Em tempo: Duas seleções com boa passagem na Copa da África. Parabéns.

Boleadeira nas canelinhas


E lá vieram os coreanos... Bem intencionados, mas homens de pouca virtude na bola.

E lá foram os uruguaios... Bem organizados, com jogadores talentosos para resolver.

E os uruguaios jogaram a boleadeira nas canelinhas dos coreanos. Abate!

Boleadeira é um tipo de arma muito utilizada pelos vaqueiros dos pampas. Ela é lançada nos pés do animal enquanto ele corre, provocando a queda e possibilitando ao caçador ir ao local para matar o bicho.

Os coreanos correram. Os uruguaios jogaram.

...

Em tempo: O Uruguai retomou sua tradição. Uma bela geração de jogadores.

Arbitragem, um cristão no coliseu

A arbitragem está sendo exposta ao maior risco que já existiu. Os problemas que surgem sobre as decisões do apito são resolvidos por nada menos que 32 câmeras de altíssima definição.

É como jogar um homem aos leões. É covardia e pode ter conseqüências irremediáveis.

A FIFA é como o Vaticano

As polêmicas da arbitragem sempre incentivam a discussão sobre a tecnologia ou a mudança na regra do futebol. Aí chamam o João Havelange, o Joseph Blater, o Platini, o Dunga e outros cardeais pra falar sobre o assunto.
Tem papa que é mais moderninho, tem papa que é mais careta.

Individualismo

Vuvuzela é igual masturbação. Só é bom pra quem toca.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Compactos da 3a rodada – Grupo G




Brasil
Faltou o espetáculo, mas é isso mesmo. O talento da seleção não é impressionar é pressionar. Jogo duro, posse de bola, paciência. Afinal, vivemos a “Era Dunga”. O fato é que qualquer adversário vai jogar como Portugal jogou hoje. Hoje, não fluiu. Vamos ver daqui pra frente. Um orgulho: o Lúcio MA-TOU o Cristiano Ronaldo. Chupa, playboy!

Portugal
Mais uma vez, vemos a mão de um brasileiro na evolução de uma seleção “estrangeira”. Portugal aprendeu a jogar duro, a dar porrada. Amadureceu muito depois da “Era Felipão”.

Costa do Marfim
Mais um bando que uma seleção. Badalados, mascarados e se acham melhores do que realmente são. Talvez, uma geração inteira que não foi bem aproveitada. Seria bom se tivesse avançado.

Coréia do Norte
Um estranho no ninho. Um país que ainda não vive o futebol com a intensidade que uma Copa do Mundo exige. Destaque para o jogo contra Portugal. No primeiro tempo, não fizeram nenhuma falta. Isso levando de 3 x 0. Não é lealdade, é inocência.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Compactos da 3a rodada – Grupo E




Holanda
Venceu os três jogos e visivelmente está acertando o time durante a copa. Ainda não é um futebol vibrante, como esperado, mas já está encorpada. Em outras partidas, mostrou-se inteligente para buscar e garantir o resultado.

Japão
Entre os países onde o futebol é emergente, é o mais evoluído. Já sabe se posicionar em campo, aprendeu a fazer gol com jogada ensaiada e já apresenta leves traços de malandragem. Heranças da “Era Zico”. Não será um adversário fácil.

Dinamarca
A pior zaga da copa. Confessa mesmo! Um comentarista da TV disse que é difícil surgir bons jogadores na Dinamarca, já que o país é pequeno e passa seis meses embaixo da neve. Falta quantidade para gerar qualidade. Talavez ele tenha razão.

Camarões
Verdadeiros turistas na África do Sul. O Etoo, solitário, não conseguiu carregar o time todo nas costas.

Compactos da 3a rodada – Grupo F




Paraguai
Fez uma boa primeira fase e não perdeu pra ninguém. Apresentou uma boa defesa, especialmente o miolo de zaga e sofreu apenas um gol. Segue com prestígio.

Eslováquia
Uma zebra que ganhou uma, empatou uma e venceu uma. Um equilíbrio nivelado por baixo. A vitória sobre a Itália pode empolgar a seleção na segunda fase, mas a expectativa é baixa.

Nova Zelândia
Invicta, com três empates. Uma seleção que faz parte da copa porque a FIFA tem que colocar gente de todo tipo. Seria bom se eles praticassem somente rúgbi e outros esportes radicais.

Itália
Uma grande surpresa, infelizmente. A atual campeã sofreu nesses quatro anos com instabilidades na comissão técnica e com a falta de renovação do time. Vale lembrar que muitos jogadores de 2010 jogaram em 2006 e atualmente são reservas em seus clubes. A Itália não mereceu a vaga. Foram 3 jogos sem inspiração e nos últimos minutos da partida final, por pouco não operou um milagre. Uma seleção fria e acomodada, que nem de longe lembra a história da camisa Azzurra.

Compactos da 3a rodada – Grupo D




Alemanha
Tem um elenco renovado, mas é a Alemanha com o potencial de sempre e as características de sempre: paciência, disciplina e movimentação. Mecânica pura.

Gana
Salvou a pátria africana. Avançou ajudada por algumas coincidências, mas é bom ter um africano das oitavas. Não dá pra dizer que terá vida longa, porque a selva começa agora.

Austrália
Ganhou uma partida, empatou uma e perdeu a outra, mas jogou mal em todas. Um time veloz e truculento, mas sem perspectiva de bom futebol. Continua sendo um coadjuvante em copas.

Sérvia
Mais um europeu que decepciona. Bons jogadores em campo, mas não tem conjunto. Ganhou o jogo contra a Alemanha e provocou a ilusão de que poderia chegar mais além. Só ilusão. Terminar em último nesse grupo é muito pouco.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Compactos da 3a rodada – Grupo C




Estados Unidos
Uma seleção que ainda não é boa, mas é muito determinada. Joga de forma organizada e busca o gol até o último minuto. Na partida final, o empate lhe tiraria a vaga. Um gol aos 47, venceu e saiu em primeiro. Os americanos têm um “que” de Rocky Balboa.

Inglaterra
Finalmente fez uma boa partida e os cavaleiros conseguiram não desonrar o reino. Salvou-se de uma situação que poderia lembrar a que a França vive. Ainda está abaixo do esperado e o excesso de “estrangeiros” em sua liga tem atrapalhado a renovação do seu futebol.

Eslovênia
A ex-ioguslava não herdou nada daquele futebol romântico do leste europeu. Fraca e previsível. Apesar dos vários jogadores em bons clubes europeus, a seleção não mostrava recursos pra nada. Já vai tarde.

Argélia
Um mero saco de pancadas, desses que freqüentam a copa de vez em quando. Foi pra África por motivos geográficos. Uma das mais fracas do torneio.

Compactos da 3a rodada – Grupo B




Argentina
Jogou bem e mostrou que tem um grupo muito bom. Até agora, o Maradona foi o personagem da Argentina. Vamos ver daqui pra frente. A copa mesmo começa agora, Dom Diego. Acabaram os ensaios.

Coréia do Sul
Uma daquelas seleções que estão na copa para encher tabela. Contou com a sorte para se classificar. Não fede, nem cheira.

Grécia
Futebolzinho desgraçado. Participante nas piores partidas da copa. Jogo feio. A FIFA tinha que suspender os gregos por umas 3 copas por causa desse mau-trato com o público de futebol.

Nigéria
A seleção nigeriana parece estar no meio de um processo de renovação. Jogadores ainda ingênuos e inexperientes, mesmo atuando em clubes europeus. Foram presas fáceis, em todos os jogos.

Compactos da 3a rodada – Grupo A




Uruguai
Segue líder. Fez uma campanha digna de um churrascão. Tem vontade de ganhar e alguns jogadores em boa fase, como o Forlan. Pode fazer uma grande copa. É o primeiro candidato a surpresa.

México

Foi um time suficientemente inteligente para aproveitar a oportunidade que surgiu. Talvez, a melhor seleção mexicana de todas as copas. O continente americano, em geral, está bem representado na Copa da África.

África do Sul
Fez o que pode e saiu honrada. O deus do futebol deixou esperança naquela terra. O Parreira foi legal também, respeitado e competente. O futebol brasileiro, de certa forma, passou por lá.

França
O Luiz XV caiu do salto. Foda-se! Tenho certeza de que a Irlanda faria muito mais na copa. Foi podre!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Grande Copa


(Colaboração de Zé Flávio Maciel)

Definitivamente não sou um aficionado por futebol, no entanto essa Copa do Mundo me trouxe tantas surpresas quanto para os boleiros de plantão.

A primeira delas foi o surpreendente movimento contrário a imposição de popularidade de Galvão Bueno na Rede Globo. Talvez seja a primeira grande comprovação da importância da tão falada ”Geração Y”.

Não menos surpreendente foi o carrancudo Dunga enfrentando o Lobby (imposição novamente) de exclusividade da Globo e seus associados e mais surpreendente ainda é o apoio dado a ele pela CBF. GENIAL!!!! Ainda que de modo tosco o Dunga fez o que nunca ninguém tinha tido peito pra fazer.

Resumidamente a Copa do Mundo na África está deixando a onipotente Rede Globo no mínimo embaraçada e tomará que um pouco menos arrogante, a audiência da transmissão de jogos da Bandeirantes tem batido a gloriosa e os anunciantes não estão nem um pouco satisfeitos.

Pela primeira vez na vida desejo muito que o Brasil seja campeão, isso seria a maior sacudida na história do nosso chato e previsível mercado brasileiro de comunicação.

Salve a África, salve o Dunga e Cala a Boca Rede Globo.

(imagem: uol.com.br)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Balanço da segunda rodada



Faltou sorte aos africanos

Infelizmente, as 5 seleções africanas podem sair na primeira fase da copa que é de um continente e não de um país. Camarões, Gana, África do Sul, Nigéria, Argélia. Com exceção de Gana, todos são lanternas em seus grupos.

Os artilheiros e os gols

De um lado, Cristiano Ronaldo, Luis Fabiano, Klose e Villa furaram até agora. Messi, Kaká, Rooney e Robben ficaram em branco. Esses caras com passes milionários sofrem pressão dessas coisas. Imagine quanto subiu o passe do Luis Fabiano depois de ontem?

Sul-americanos bem na tabela

Brasil, Chile, Paraguai, Argentina e Uruguai são lideres dos seus respectivos grupos. Todos têm boas chances de passar para as oitavas. Todo mundo jogando bem. O futebol sul-americano tem boas seleções na copa.

Barraco na corte francesa

Uma série de chiliques mostrou a face mais cretina de uma seleção que arde na fogueira das vaidades. Greves, cortes, ofensas e um patrocinador que rescindiu o contrato. Um fiasco retumbante. Foi mais do que um vexame. Foi um barraco.

Limpeza técnica

Provavelmente, os melhores times vão seguir e os piores ficarão. Isso é obvio, claro. Mas essa Copa do Mundo está óbvia. Por isso, a pouca emoção até agora. Existem 4 seleções que ainda não marcaram gol e sairão. Sobram 12 vagas para a degola. Metade pode ser européia.

Coletivas e declarações

Interessante como o Brasil está conduzindo a superexposição. Coletiva com dois jogadores todo dia, treino aberto 15 minutos, 30 minutos de zona mista depois do jogo, etc. A assessoria de imprensa da CBF está administrando muito bem. A seleção está sendo protocolar nesse aspecto. A blindagem, na medida do possível, foi feita.

(foto: fifa.com)

Fúria contida


A Espanha fez os dois jogos mais fáceis da primeira fase: Suíça e Honduras. Até agora, não resolveu sua classificação e vai disputar contra a eficiente seleção chilena na rodada final.

Chegou como favorita e agora corre o risco de ficar de fora. Por uma combinação de resultados, a Fúria pode ser contida pela falta de gols na hora certa.

...

Em tempo: A Espanha é uma boa seleção, mas “penteia” demais a bola.

Relógio suíço


A retaguarda suíça chega ao recorde de 559 minutos seguidos sem levar gol em Copa.

Vejamos se isso conta...

Tenho visto todos os jogos e não torço por seleções, mas por estilos de futebol. A Suíça é um time excessivamente defensivo. Uma escola acostumada a ser “zebra”, a não ter talento para disputar.

Bom, os suíços têm chance de passar à segunda fase. Se passarem, vão tirar do páreo o Chile ou a Espanha, duas seleções que apresentaram muito mais futebol que eles.

Dá pra sintetizar essa disputa com a seguinte equação: o futebol que busca o gol contra o futebol que evita o gol.

Eu prefiro ver gol.

...

Em tempo: O Chile fez mais uma apresentação convincente. O meio de campo se movimenta bem, tanto no ataque quanto na defesa. Quando a Suíça teve um jogador expulso, o meio campo chileno mudou sua postura em campo, com 3 meias ofensivos e dois atacantes. Foi pra cima com bravura. A defesa que só pensa em ver o tempo passar sem levar gol acabou cedendo. Parabéns ao treinador, que substituiu muito bem.

Só pra fazer média


Portugal está se achando a última dose de azeite da bacalhoada.

Os gols de hoje, além de melhorar a baixa média da primeira fase, serviram para fazer os portugas desencantarem, incluindo o Cristiano Ronaldo, o enganador número 1 do futebol.

Deixe estar. Vai ser essa auto-confiança que vai deixá-los a vontade.

Vamos arrancar os bigodões no tapa. O Pau-Brasil vai comer.

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Em tempo: Depois da valente atuação contra o Brasil, o ditador-atômico Kim Jong II ficou tão orgulhoso de sua tropa boleira que resolver liberar, pela primeiríssima vez, a transmissão de um jogo de futebol ao vivo. Péssima idéia. Expôs seu povo a uma grande humilhação. Seria melhor deixar todo mundo sem saber o que houve e dizer que o resultado foi uma retaliação da ONU. Agora é torcer para a Coréia do Sul não avançar.

Veja pelo lado bom


A expulsão do Kaká foi muito boa, por três motivos: a) O menino bonzinho não aceitou ser subjugado, reagiu, falou palavrão e rangeu os dentes; b) O Brasil será forçado a tentar outra formação e isso vai acontecer em um jogo mais simples, tática e emocionalmente; c) O jogador terá 10 dias para fazer a preparação mais adequada para sua plena recuperação.

A previsibilidade da seleção tem suas vantagens. Além de escalar um time de 1 a 11 (o Brasil é o único que entrou em campo com números “titulares”), todo mundo sabe que se marcar 10 jogadores e bobear com 1, fudeu. Todo jogo tem um craque menos atuante, em compensação tem mais 4 ou 5 que podem resolver. SEMPRE!

Outro ponto positivo foi a evolução individual dos jogadores. Todos jogaram melhor que na primeira partida (exceto Robinho). Segue uma avaliação dos principais nomes do jogo.

Júlio Cesar
Impecável, inteligente e confiante. Jogou sério e não deu mole para as surpresas da bola de supermercado.

Maicon
O Brasil tem um recurso que nenhuma outra seleção apresentou até agora. Maicon é simplesmente um trunfo tático. Quando a defesa percebe, ele já passou a 200km/h.

Lucio
Hoje o capitão folgou. Deu carteirada o jogo todo. Cara de mau e garrucha na mão. Na hora do gol sofrido, o Maicon atrapalhou a formação no meio da área. Do resto, foi muito seguro.

Elano
O assumido coadjuvante tem sido protagonista. É um jogador inteligente. Aparece nos lugares vazios do campo durante o ataque e compõe muito bem a defesa.

Kaká
Hoje a camisa 10 encaixou. Chamou o jogo pra ele, como deve ser. Foi expulso (talvez injustamente), mas não afinou na hora da porrada. Ganhou respeito de todos.

Robinho
Um dos sinais do amadurecimento de um jogador é quando ele aprende a jogar sem bola. Muitas vezes, ele levava o zagueiro Touré pra fora da área e o Fabuloso soube aproveitar.

Luiz Fabiano
Um camisa 9 nasceu pra isso: estufar a rede. Que finalização no primeiro gol! E nota 10 de malandragem.

Vagas abertas
Na minha opinião, duas posições podem ter novos ocupantes: Felipe Melo e Michel Bastos estão complicando a defesa. Vale tentar outros nomes, antes dos jogos decisivos.

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Em tempo: Achei um desaforo a pancadaria dos malditos elefantes. Filhos da puta, coloquem a viola no saco e vazem da copa!

Maleditos difensores


Um ponto importante sobre essa partida é a mudança substancial no nível do futebol mundial. Os países da “série B” da copa estão surpreendendo. O que vemos hoje é o resultado linear da evolução do “futebol força”, da "ocupação territorial".

As defesas têm prevalecido sobre os ataques. Times ruins, sem recursos e sem estrelas, jogam com a tática de fechar a área e não tomar gols. Claro que as zagas falham, vez por outra. A monotonia dos jogos, tão comentada e lamentada, e a baixa média de gols estão ligadas a isso.

Os times considerados “inferiores” aprenderam a jogar futebol nas últimas décadas e freqüentaram a escola na época em que a retranca passou a ser matéria obrigatória.

...

Em tempo: As atuações ruins da Itália, por incrível que pareça, fazem dela uma favorita. Os italianos, nas quatro vezes em que foram campeões, começaram a copa jogando mal.

De donde eres?


Penso que o Paraguai deva ser um país desconhecido na Europa e na África. Lembrei-me de um “causo”.

Um paraguaio se apaixonou por uma gaúcha e sofreu para ser aceito pela família da amada. A moça tinha certeza de que seu pai não aprovaria o namoro com um Guarany de baixo nível. O rapaz, indignado, decidiu forçar a barra e enfrentar o sogrão.

Um dia, foi à sua casa e disparou:
- Sí, yo soy paraguayo, e estoy a cá para casar com tua hija!

O gauchão não gostou da ousadia e engrossou:
- Para quê?

O rapaz ficou vermelho:
- P-A-R-A-G-U-A-Y-O!

...

Em tempo: A Eslováquia também é uma ilustre desconhecida. Os meios de comunicação ainda confundem os nomes. Eslovênia ou Eslováquia? Veio de onde? Ioguslávia? Tchecoslováquia? Para que só estudou geografia no tabuleiro do War, essa é complicada.

O Mineirão fecha os olhos

Anteontem, pisei no gramado do Mineirão pela primeira vez. Foi uma experiência sensorial. Fui abduzido pra outra dimensão.

Do campo, fiquei olhando as arquibancadas, imaginando como seria aquela paisagem em dia de jogo, como seria fazer um gol, comemorar com a torcida. Foi uma contemplação namorar aquele velho estádio.

O Skank estava tocando. Quando a música falou “quem não sonhou em ser um jogador de futebol”, entendi tudo.

Freqüento o Mineirão desde criança. Tios, primos, amigos, muitos amigos. É um lugar que ocupa meu coração. Muitas e saudosas memórias.

Nosso Gigante da Pampulha vai adormecer para despertar em 2013.

Boa noite e obrigado por tudo.

Minha viagem espacial



ADEMG, we have a problem!

Preto no branco


Não quero inflar discussões raciais, mas acho muito interessante ver um confronto étnico no futebol.

É notável como cada tipo de futebol tem relação com as características físicas de cada time.

Os pretos têm biotipo para correr longas distâncias, por isso os jogadores ainda estão “novos” quando a defesa já está cansada. Essa é a explicação para tantos gols africanos depois dos 35 minutos do segundo tempo.

Os brancos têm maior estatura e são fortes e pesados. Isso explica a insistência nas jogadas aéreas e a lentidão na movimentação. Muitas seleções nórdicas são facilmente envolvidas quando o adversário sabe rodar a bola com velocidade.

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Em tempo: Os leões camaroneses não encontraram se melhor futebol nessa copa e não avançarão para a segunda fase. Lamentável. Contra a Dinamarca, teve muitas chances de matar a partida, mas a ingenuidade característica dos times africanos, atrapalhou.

Tá faltando um


A Austrália em campo é praticamente garantia de cartão vermelho. Desde a Copa da Alemanha (2006) que é assim (foram seis cartões nos últimos 4 jogos).

Dessa vez foi Kewell que deixou o campo mais cedo. E com um a menos, o jogo mudou muito.
As seleções africanas correm tanto que parecem que tem um jogador a mais em campo. Se o adversário ajuda e fica com 10, aí complica. Os ganenses tentaram até o final, com muito ímpeto. Apesar do empate, a Austrália foi massacrada na defesa.

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Em tempo: Gana deve ser a única seleção africana a disputar a segunda fase. A não ser que o Nelson Mandela já comece a praticar alguns milagres nos resultados dos jogos daqui pra frente.

Sem brilho e com eficiência


Muitas surpresas da Copa do Mundo têm sido desagradáveis, decepcionantes. Mas a Holanda é, sim, uma surpresa, não pela campanha promissora ou por um pretenso favoritismo.

A surpresa é a radical mudança no estilo de jogo dos holandeses, que sempre mostravam um futebol bonito, mas ineficiente.

Dessa vez, não: ao invés do futebol bonito, o que tem prevalecido é a eficiência e a busca pelo resultados, algo que, por enquanto, vem dando certo.

Tão certo que chegou hoje a 21 jogos de invencibilidade, a maior série entre todas as seleções classificadas para a Copa do Mundo.

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Em tempo: O Japão foi um time pálido nessa copa. Depois de 3 bons mundiais, trouxe uma equipe sem brilho. Talvez avance às oitavas, mas não merece.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Nota do autor

Não tenho respondido os comentários, mas tenho lido todos, diariamente. Obrigado pelas visitas, galera. Beijos e abraços.

O dia em que José Saramago morreu

Hoje morre o escritor. Mas também começa a eternidade.

Um Plasil no meu chá, por favor


Quem diria que a toda-poderosa e promissora Inglaterra, primeira nas eliminatórias européias, faria partidas como essa durante o torneio?

Foi um time sem atitude, sem recurso, sem interesse. Em determinado momento do jogo, a Argélia encurralou a Inglaterra. E a Argélia não tem time pra Copa do Mundo.

Muito, muito abaixo da expectativa.

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Em tempo: A Seleção da Inglaterra foi vaiada pela sua própria torcida numa Copa do Mundo. Vaiada!!! Na presença dos rosados filhos do Príncipe Charles. Vaiada!!! Tapa na cara! Se os caras não tomarem vergonha, vai ser um vexame.

Bateram a carteira do Tio Sam


Foi a primeira “cagada” da arbitragem, daquelas que resolvem diretamente o resultado final. Se não fosse o juíz, os EUA ganhariam e a vitória, nas condições de hoje, seria um feito heróico.

Impressionante como a seleção americana não desiste do jogo. É um traço comum de suas atuações a situação do placar adverso. E ela sempre busca o resultado. Isso exige um time de bons atletas, pra jogar 90 minutos e disputar até o final.

Os EUA vão para a segunda fase por merecimento e serão adversários difíceis pra qualquer seleção. É a melhor seleção americana (não que isso seja brilhante, mas evolutivo) de todos os tempos.

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Em tempo: O futebol virou assunto político nos EUA. Alguns congressistas acusam o governo de “obrigar” o país a gostar do esporte. Existe a possibilidade de tornar obrigatório nas escolas públicas a prática do “soccer”. A discussão, séria ou não, está aberta.

Torcedores ditadores


Lá do inferno, Adolf Hitler e Slobodan Milosevic assistiram o jogo. Trecho da resenha:

Hitler - Essa é a seleção mais multirracial que a Alemanha já teve. Olha aí no que deu. No meu tempo não era assim.

Milosevic - É a primeira vez que esses filhos da puta disputam com esse nome. Se eu tivesse ganhado a guerra...

Hitler - Olha esse negão. Cacau. Ainda tenho que torcer pra esse cara resolver. Tem um jogador com nome de Mario Gomes. É o fim do mundo.

Milosevic: - O avô desse goleiro foi meu General na guerra contra a separação do país. Agora esse garoto ta aí, do outro lado, virando herói deles.

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Em tempo: A graça do futebol é sempre existe a chance. Tem jogos que é 50% pra cada lado. Tem outros que é 99 pra 1. O fato é que se a Alemanha jogar mais 10 jogos com a Sérvia, ganha 9. A bola não entrou porque não era o dia. Acontece...

O Ronaldão gostou da expulsão do Klose, aposto. O gordo está secando o cara pra não perder o recorde de gols em copas.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Decadance avec elegance


A França é mesmo um time filho da puta. É uma seleção que promove grandes expectativas e grandes decepções. Às vezes decadente, às vezes elegante. Como num revezamento.

Em 1998 foi campeã em casa vencendo o Brasil. Uma glória e tanto para uma seleção. Em 2002, não marcou nenhum gol. NENHUM GOL! Em 2006, vai pra final e perde no último instante. A de 2010 é absolutamente irreconhecível.

A de 2010 tem um ar preguiçoso, sonso. O olhar dos jogadores franceses expressa uma espécie de indiferença. Eles correm e executam as suas funções em campo, mas há uma certa frieza no cumprimento de uma missão que deveria ser encarada com emoção.

Chego até a achar que isso é falta de civismo.

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Em tempo: O México é uma boa surpresa e vai para a segunda fase. Com direito a gol do veteraníssimo Blanco, 37 anos de idade e 3 copas do mundo (1998, 2002, 2010). Provavelmente o melhor jogador mexicano dos últimos 20 anos.

Pratos ao chão


A Grécia fez seu primeiro gol e conquistou sua primeira vitória em jogos de Copa do Mundo. Um milagre com a providência divina de Zeus e sua trupe sobrenatural. O time é horrível e faz imaginar que aquela geração vencedora da Eurocopa em 2004 se foi pra sempre e agora é mera mitologia.

Atenas está em festa, jogando pratos no chão. Deram sorte. Se não fosse uma falha improvável do melhor goleiro da copa até agora, teriam perdido, porque a Nigéria estava melhor no jogo.

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Em tempo: Já me preocupa a condição das seleções africanas. Cada vez mais, o continente vê sua participação na segunda fase sob suspeita. Uma pena. Ainda não deram sorte no torneio.

Buenos dias, Buenos Aires


Ainda calçados de chuteiras, os argentinos dançaram um tango no vestiário. E cantarolavam, orgulhosos:

El águila vuela en Rio de Janeiro / suenan campanas pregonando la victoria y en Buenos Aires / la hija querida / al fin se cubren ahí los valientes ya de gloria.
Dos países en un noble lazo / con el alma se dan un abrazo / es la madre que va a visitar los hijos / que viven en otro hogar.
Ten cuidado, mariposa / de los sentidos amores / no te cieguen los fulgores de alguna falsa pasion / porque entonces pagaras / toda tu maldad, toda tu traición.(*
)

A Argentina já está pensando na segunda fase. Uma águia sobrevoando as futuras caças, com as garras de fora, olhando ao longe o que a glória poderá trazer.

O time de Maradona é excepcionalmente qualificado. Dos 5 jogadores convocados para o ataque – Messi, Tevez, Higuain, Milito e Palermo – pelo menos 4 deles seriam titulares em qualquer seleção dessa copa.

Hoje, Buenos Aires alimentou-se de confiança no café da manhã. Definitivamente, a Argentina está no páreo. Mesmo com a defesa questionável, a qualidade do ataque consegue resolver.

(*) Trecho da música La Gloria Del Aguilla, de Carlos Gardel

...

Em tempo: Maradona, o Perón do futebol, conseguiu equalizar as coisas. É um companheirão, um ídolo para os jogadores. Se esse clima de cumplicidade prevalecer, fudeu!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O Maracanaço africano



Existe um deus do futebol e dizem que ele é bipolar. Ao mesmo tempo, pode ser generoso ou mesquinho, sorridente ou ranzinza, tolerante ou impaciente, cria e destrói sonhos, dá tudo pra uns e tira tudo de outros, de forma honesta ou não. O fato é que ele sabe fazer quase tudo, menos justiça.

Se esse deus maniqueísta soubesse o quanto suas decisões atingem a alma dos torcedores, sentiria na consciência a mesma dor que sofrem os corações onde pisa.

O que uma bola na trave pode fazer? E se a África do Sul tivesse ganhado o jogo de estréia? E se o sorteio da FIFA tivesse sido menos rigoroso com os anfitriões? O país que renasceu há menos de uma semana, caiu no grupo da morte. Coisas desse deus do futebol.

O que se sabe é que a esperança de ver os donos da casa na segunda fase acabou. Um país que se enxergou feliz, finalmente. Pessoas que se orgulharam, escancaradamente. Uma nação realizada, sorridente. Merecia mais justiça divina.

A essa hora, a alma dos sul-africanos está aprisionada na num garrafa, sem ar, sem som, sem saída. E vai ver a Copa do Mundo pelo vidro.

A felicidade é apenas a segunda emoção do futebol. A primeira é a dor. Futebol dói. E na paixão pela bola, a lágrima da dor é muito mais salgada do que a da alegria.

Hoje, o Uruguai, espcialista em calar estádios, fez com os africanos o que fez com o Brasil. Em 1950, sangrou um país. Dessa vez, foi um continente.

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Em tempo: Parreira disputou a copa por 4 seleções além da brasileira: Kwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes e África do Sul. Nunca ganhou uma partida com essas seleções durante as copas que disputou. Será que o Joel Santana teria escrito outra história?

(foto: fifa.com)

Esse pode jogar no meu time


Diego Forlan, meia do Uruguai, jogou sério e participou muito. Na hora H, soube como fazer. Experiente e excelente líder em campo. Um cara que merece uma camisa 10. Dois gols e um show.

Fim da primeira rodada


O pior já passou (espero). A primeira rodada em qualquer copa sempre fica abaixo das expectativas.

O saldo até agora foi de jogos mornos. Não houve nenhum brilhantismo, nenhum craque, nenhum golaço, nenhuma polêmica. Por exemplo, a média de gols é a pior de todos os tempos: 1,56 por partida. Até agora, a arbitragem não atrapalhou nada.

O que traz esperança de jogos melhores é o fato de que muitas seleções já começam a decidir sua presença nas oitavas a partir de hoje. Quem perdeu, tem que se virar. Quem empatou, precisa ganhar. Quem ganhou, não pode dar chance para os adversários equilibrarem a pontuação. Isso fará os jogos serem mais objetivos e disputados.

No palpite do bolão, é possível dizer que 3 seleções mostraram que podem chegar a final: Alemanha, Argentina e Brasil (nessa ordem). As outras ainda são incógnitas. Até agora, alguns jogadores se candidataram a heróis nacionais: Messi (que pode carregar o titulo nas costas), Klose (se bater o recorde dos 15 gols) e Robinho (que amadureceu muito e chama a responsabilidade para si).

A organização da Copa da África tem sido elogiada e não houve nenhum incidente importante até agora. O temor da FIFA com relação à baixa venda de ingressos não se confirmou e todos os jogos tiveram bom público. A segurança também não foi severamente testada e o atentado terrorista no jogo EUA x Inglaterra não aconteceu. O único incidente foi a expulsão de 25 holandesas do estádio. Elas foram acusadas de publicidade irregular. Parece que estavam vestidas com roupas que estampavam sutilmente a marca da Heinekein. Posso imaginar que deveriam ser tão gostosas quanto a cerveja.

As vuvuzelas já começaram a sofrer restrições. Já era esperado, Ninguém agüenta aquilo.

(foto: fifa.com)

O Maradona de ontem, de hoje e de amanhã

Dieguito voltou a dar suas cacetadas. O orgulhoso e falastrão treinador deu uma entrevista coletiva hoje e quando foi perguntado sobre as declarações que Pelé havia dado sobre as atuações das seleções favoritas, soltou essa tolice:

- Não ligo para o Pelé. Por mim, que ele vá para o museu.

Maradona, imbecil, o Pelé já está no museu! Na memória! Na história!

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Em tempo: Tenho observado o Maradona, o primeiro personagem interessante dessa copa. Ele polemiza sempre que pode, sabe se comportar diante da pressão, protege os jogadores chamando a atenção pra ele e tem citado o Pelé uma vez por semana. Quer se promover lançando provocações com o nome do Rei. E a imprensa engole a isca.

Ele está por cima, sem dúvida.

Mas sobre os duelitos com Pelé, vejo que a inveja do Maradona tem um tanto de admiração. Subconsciente. Em quem o segundo pode mirar? Somente no primeiro.

E tem mais: se o Maradona for campeão mundial, ele vai ser presidente da Argentina um dia, não tenham dúvidas.

Lembrando Armando

Uma vez, o Santos estava excursionando pela África. Jogava de dois em dois dias. Verdadeiros ciganos do futebol. A rotina era sempre a mesma: O Santos chegava à cidade no dia da partida, jogava e, no estádio mesmo, recebia o dinheiro. Pegava o avião e ia vender seu peixe em outra freguesia.

Um dia, o Santos joga em Marrocos. Na hora de receber o dinheiro, o empresário comunica: o cachê não está aqui. O rei Hassan mandou dizer que o dinheiro está com ele e que só entrega se o Pelé for buscar, pessoalmente. Pelé entrou no carro, foi ao palácio deu autógrafos à família real, tirou fotos com o rei e saiu com a erva do Santos num envelope com o emblema real bordado em fios de ouro.

(Pelé e o Tempo, texto de Armando Nogueira)

60 anos do Maracanã


Hoje, o maior do mundo faz aniversário. Vale lembrar algumas histórias.

O nome do estádio é Mário Filho. O homenageado era irmão do escritor Nelson Rodrigues e foi o responsável pelo crescimento e pela importância do futebol carioca na década de 40. Até então, o esporte bretão era coisa da ralé, jogo de periferia. Como diretor
do Jornal dos Sports, criou um clima diferente para falar do assunto. Deu no que deu.

O Maracanã foi construído especialmente para a copa de 1950. Agora, está sendo reformado para uma nova copa. Vai ficar um brinco e será palco de tantas outras histórias, como o Maracanaço. No dia em que superaríamos nosso “complexo de vira-latas”, tinha um Barbosa no meio do caminho. Disse Nelson Rodrigues que o Brasil perdeu na véspera, criticando o clima já-ganhou que tomava o país. Foi um terremoto avassalador na alma brasileira.

Uma vez, durante a inspeção da FIFA nos estádios brasileiros, o Maracanã foi visitado. Quando a comitiva chegou ao gramado, um gaiato jogou uma bola no campo. Os grã-finos de ternos importados não tiveram dúvida: tiraram os paletós e começaram a bater pênaltis uns nos outros. Perderam a compostura completamente. Pareciam crianças, rindo, brincando, rolando no chão. Quem não tem vontade de estufar as redes daquele templo sagrado?

O milésimo gol de Pelé foi no Maracanã, contra o Vasco. Conta a história que entre o gol 999 e o 1000, o Rei jogou três partidas, uma delas no nordeste. Dizem que o prefeito ofereceu uma bolada para que o gol saísse em sua cidade. Seria a fama instantânea e eterna. Mas para o bem do futebol, o Maraca recebeu o gol que fez o Rei virar deus. Melhor que isso, só se fosse no Vaticano.

Falando nisso, em 1980, o Papa João Paulo II começou sua peregrinação pelo mundo e colocou o Brasil na turnê. Dizem que na hora de escolher o lugar da missa campal, ele “pediu” para celebrar a missa do Rio de Janeiro no Maracanã. Publico pagante: 160 mil.

Segue o link com fotos históricas.


http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/fotos/2010/06/veja-fotos-da-historia-do-maracana.html

Um castigo merecido


Já estava na hora de uma zebra invadir as savanas sul-africanas.

A Suíça possui uma das defesas mais compactas da copa. Não é exatamente retranca, é tática. Não é todo mundo cercando a bola, é posição de parede.

A Espanha foi excessivamente caprichosa, querendo fazer gols de placa. Perdeu muitas chances de matar o jogo por causa dessa arrogância. Parece que a cigana que leu as mãos dos jogadores falou que eles são craques como os brasileiros. Bom, ela tomou o dinheiro deles. Bem-feito.

Agora, a Espanha que era candidatíssima a ser a primeira da chave pode ficar em segundo. Se isso acontecer, nas oitavas-de-final enfrenta o Brasil.

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Em tempo: A Espanha perdeu jogando muito mais do que a maioria dos times que venceram seus jogos de estréia. Se eles descerem do salto alto, podem ser perigosos.