Cenas literárias. Textos cenográficos. Relações improváveis entre futebol e culturas inúteis. Ou mera imaginação.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Balanço da segunda rodada



Faltou sorte aos africanos

Infelizmente, as 5 seleções africanas podem sair na primeira fase da copa que é de um continente e não de um país. Camarões, Gana, África do Sul, Nigéria, Argélia. Com exceção de Gana, todos são lanternas em seus grupos.

Os artilheiros e os gols

De um lado, Cristiano Ronaldo, Luis Fabiano, Klose e Villa furaram até agora. Messi, Kaká, Rooney e Robben ficaram em branco. Esses caras com passes milionários sofrem pressão dessas coisas. Imagine quanto subiu o passe do Luis Fabiano depois de ontem?

Sul-americanos bem na tabela

Brasil, Chile, Paraguai, Argentina e Uruguai são lideres dos seus respectivos grupos. Todos têm boas chances de passar para as oitavas. Todo mundo jogando bem. O futebol sul-americano tem boas seleções na copa.

Barraco na corte francesa

Uma série de chiliques mostrou a face mais cretina de uma seleção que arde na fogueira das vaidades. Greves, cortes, ofensas e um patrocinador que rescindiu o contrato. Um fiasco retumbante. Foi mais do que um vexame. Foi um barraco.

Limpeza técnica

Provavelmente, os melhores times vão seguir e os piores ficarão. Isso é obvio, claro. Mas essa Copa do Mundo está óbvia. Por isso, a pouca emoção até agora. Existem 4 seleções que ainda não marcaram gol e sairão. Sobram 12 vagas para a degola. Metade pode ser européia.

Coletivas e declarações

Interessante como o Brasil está conduzindo a superexposição. Coletiva com dois jogadores todo dia, treino aberto 15 minutos, 30 minutos de zona mista depois do jogo, etc. A assessoria de imprensa da CBF está administrando muito bem. A seleção está sendo protocolar nesse aspecto. A blindagem, na medida do possível, foi feita.

(foto: fifa.com)

Fúria contida


A Espanha fez os dois jogos mais fáceis da primeira fase: Suíça e Honduras. Até agora, não resolveu sua classificação e vai disputar contra a eficiente seleção chilena na rodada final.

Chegou como favorita e agora corre o risco de ficar de fora. Por uma combinação de resultados, a Fúria pode ser contida pela falta de gols na hora certa.

...

Em tempo: A Espanha é uma boa seleção, mas “penteia” demais a bola.

Relógio suíço


A retaguarda suíça chega ao recorde de 559 minutos seguidos sem levar gol em Copa.

Vejamos se isso conta...

Tenho visto todos os jogos e não torço por seleções, mas por estilos de futebol. A Suíça é um time excessivamente defensivo. Uma escola acostumada a ser “zebra”, a não ter talento para disputar.

Bom, os suíços têm chance de passar à segunda fase. Se passarem, vão tirar do páreo o Chile ou a Espanha, duas seleções que apresentaram muito mais futebol que eles.

Dá pra sintetizar essa disputa com a seguinte equação: o futebol que busca o gol contra o futebol que evita o gol.

Eu prefiro ver gol.

...

Em tempo: O Chile fez mais uma apresentação convincente. O meio de campo se movimenta bem, tanto no ataque quanto na defesa. Quando a Suíça teve um jogador expulso, o meio campo chileno mudou sua postura em campo, com 3 meias ofensivos e dois atacantes. Foi pra cima com bravura. A defesa que só pensa em ver o tempo passar sem levar gol acabou cedendo. Parabéns ao treinador, que substituiu muito bem.

Só pra fazer média


Portugal está se achando a última dose de azeite da bacalhoada.

Os gols de hoje, além de melhorar a baixa média da primeira fase, serviram para fazer os portugas desencantarem, incluindo o Cristiano Ronaldo, o enganador número 1 do futebol.

Deixe estar. Vai ser essa auto-confiança que vai deixá-los a vontade.

Vamos arrancar os bigodões no tapa. O Pau-Brasil vai comer.

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Em tempo: Depois da valente atuação contra o Brasil, o ditador-atômico Kim Jong II ficou tão orgulhoso de sua tropa boleira que resolver liberar, pela primeiríssima vez, a transmissão de um jogo de futebol ao vivo. Péssima idéia. Expôs seu povo a uma grande humilhação. Seria melhor deixar todo mundo sem saber o que houve e dizer que o resultado foi uma retaliação da ONU. Agora é torcer para a Coréia do Sul não avançar.

Veja pelo lado bom


A expulsão do Kaká foi muito boa, por três motivos: a) O menino bonzinho não aceitou ser subjugado, reagiu, falou palavrão e rangeu os dentes; b) O Brasil será forçado a tentar outra formação e isso vai acontecer em um jogo mais simples, tática e emocionalmente; c) O jogador terá 10 dias para fazer a preparação mais adequada para sua plena recuperação.

A previsibilidade da seleção tem suas vantagens. Além de escalar um time de 1 a 11 (o Brasil é o único que entrou em campo com números “titulares”), todo mundo sabe que se marcar 10 jogadores e bobear com 1, fudeu. Todo jogo tem um craque menos atuante, em compensação tem mais 4 ou 5 que podem resolver. SEMPRE!

Outro ponto positivo foi a evolução individual dos jogadores. Todos jogaram melhor que na primeira partida (exceto Robinho). Segue uma avaliação dos principais nomes do jogo.

Júlio Cesar
Impecável, inteligente e confiante. Jogou sério e não deu mole para as surpresas da bola de supermercado.

Maicon
O Brasil tem um recurso que nenhuma outra seleção apresentou até agora. Maicon é simplesmente um trunfo tático. Quando a defesa percebe, ele já passou a 200km/h.

Lucio
Hoje o capitão folgou. Deu carteirada o jogo todo. Cara de mau e garrucha na mão. Na hora do gol sofrido, o Maicon atrapalhou a formação no meio da área. Do resto, foi muito seguro.

Elano
O assumido coadjuvante tem sido protagonista. É um jogador inteligente. Aparece nos lugares vazios do campo durante o ataque e compõe muito bem a defesa.

Kaká
Hoje a camisa 10 encaixou. Chamou o jogo pra ele, como deve ser. Foi expulso (talvez injustamente), mas não afinou na hora da porrada. Ganhou respeito de todos.

Robinho
Um dos sinais do amadurecimento de um jogador é quando ele aprende a jogar sem bola. Muitas vezes, ele levava o zagueiro Touré pra fora da área e o Fabuloso soube aproveitar.

Luiz Fabiano
Um camisa 9 nasceu pra isso: estufar a rede. Que finalização no primeiro gol! E nota 10 de malandragem.

Vagas abertas
Na minha opinião, duas posições podem ter novos ocupantes: Felipe Melo e Michel Bastos estão complicando a defesa. Vale tentar outros nomes, antes dos jogos decisivos.

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Em tempo: Achei um desaforo a pancadaria dos malditos elefantes. Filhos da puta, coloquem a viola no saco e vazem da copa!

Maleditos difensores


Um ponto importante sobre essa partida é a mudança substancial no nível do futebol mundial. Os países da “série B” da copa estão surpreendendo. O que vemos hoje é o resultado linear da evolução do “futebol força”, da "ocupação territorial".

As defesas têm prevalecido sobre os ataques. Times ruins, sem recursos e sem estrelas, jogam com a tática de fechar a área e não tomar gols. Claro que as zagas falham, vez por outra. A monotonia dos jogos, tão comentada e lamentada, e a baixa média de gols estão ligadas a isso.

Os times considerados “inferiores” aprenderam a jogar futebol nas últimas décadas e freqüentaram a escola na época em que a retranca passou a ser matéria obrigatória.

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Em tempo: As atuações ruins da Itália, por incrível que pareça, fazem dela uma favorita. Os italianos, nas quatro vezes em que foram campeões, começaram a copa jogando mal.

De donde eres?


Penso que o Paraguai deva ser um país desconhecido na Europa e na África. Lembrei-me de um “causo”.

Um paraguaio se apaixonou por uma gaúcha e sofreu para ser aceito pela família da amada. A moça tinha certeza de que seu pai não aprovaria o namoro com um Guarany de baixo nível. O rapaz, indignado, decidiu forçar a barra e enfrentar o sogrão.

Um dia, foi à sua casa e disparou:
- Sí, yo soy paraguayo, e estoy a cá para casar com tua hija!

O gauchão não gostou da ousadia e engrossou:
- Para quê?

O rapaz ficou vermelho:
- P-A-R-A-G-U-A-Y-O!

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Em tempo: A Eslováquia também é uma ilustre desconhecida. Os meios de comunicação ainda confundem os nomes. Eslovênia ou Eslováquia? Veio de onde? Ioguslávia? Tchecoslováquia? Para que só estudou geografia no tabuleiro do War, essa é complicada.

O Mineirão fecha os olhos

Anteontem, pisei no gramado do Mineirão pela primeira vez. Foi uma experiência sensorial. Fui abduzido pra outra dimensão.

Do campo, fiquei olhando as arquibancadas, imaginando como seria aquela paisagem em dia de jogo, como seria fazer um gol, comemorar com a torcida. Foi uma contemplação namorar aquele velho estádio.

O Skank estava tocando. Quando a música falou “quem não sonhou em ser um jogador de futebol”, entendi tudo.

Freqüento o Mineirão desde criança. Tios, primos, amigos, muitos amigos. É um lugar que ocupa meu coração. Muitas e saudosas memórias.

Nosso Gigante da Pampulha vai adormecer para despertar em 2013.

Boa noite e obrigado por tudo.

Minha viagem espacial



ADEMG, we have a problem!

Preto no branco


Não quero inflar discussões raciais, mas acho muito interessante ver um confronto étnico no futebol.

É notável como cada tipo de futebol tem relação com as características físicas de cada time.

Os pretos têm biotipo para correr longas distâncias, por isso os jogadores ainda estão “novos” quando a defesa já está cansada. Essa é a explicação para tantos gols africanos depois dos 35 minutos do segundo tempo.

Os brancos têm maior estatura e são fortes e pesados. Isso explica a insistência nas jogadas aéreas e a lentidão na movimentação. Muitas seleções nórdicas são facilmente envolvidas quando o adversário sabe rodar a bola com velocidade.

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Em tempo: Os leões camaroneses não encontraram se melhor futebol nessa copa e não avançarão para a segunda fase. Lamentável. Contra a Dinamarca, teve muitas chances de matar a partida, mas a ingenuidade característica dos times africanos, atrapalhou.

Tá faltando um


A Austrália em campo é praticamente garantia de cartão vermelho. Desde a Copa da Alemanha (2006) que é assim (foram seis cartões nos últimos 4 jogos).

Dessa vez foi Kewell que deixou o campo mais cedo. E com um a menos, o jogo mudou muito.
As seleções africanas correm tanto que parecem que tem um jogador a mais em campo. Se o adversário ajuda e fica com 10, aí complica. Os ganenses tentaram até o final, com muito ímpeto. Apesar do empate, a Austrália foi massacrada na defesa.

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Em tempo: Gana deve ser a única seleção africana a disputar a segunda fase. A não ser que o Nelson Mandela já comece a praticar alguns milagres nos resultados dos jogos daqui pra frente.

Sem brilho e com eficiência


Muitas surpresas da Copa do Mundo têm sido desagradáveis, decepcionantes. Mas a Holanda é, sim, uma surpresa, não pela campanha promissora ou por um pretenso favoritismo.

A surpresa é a radical mudança no estilo de jogo dos holandeses, que sempre mostravam um futebol bonito, mas ineficiente.

Dessa vez, não: ao invés do futebol bonito, o que tem prevalecido é a eficiência e a busca pelo resultados, algo que, por enquanto, vem dando certo.

Tão certo que chegou hoje a 21 jogos de invencibilidade, a maior série entre todas as seleções classificadas para a Copa do Mundo.

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Em tempo: O Japão foi um time pálido nessa copa. Depois de 3 bons mundiais, trouxe uma equipe sem brilho. Talvez avance às oitavas, mas não merece.